terça-feira, 4 de outubro de 2011

Viagem Gasosa (Nicole Utzig Mattjie)

Dia desses quando coloquei uma moedinha na máquina de refrigerante, aquela bendita lata não queria sair. Comecei a dar uns chutes pra ver se funcionava, começou a sair uma luz meio furta-cor, não sei bem... Erámos só eu e a máquina no corredor vazio da universidade e em um milésimo de segundo minha cabeça doía enquanto meu corpo não parava de girar, eu estava numa espécie de túnel. Me senti girar durante horas quando de repente como se tivesse caído um tombo estava sentada em um banco em algum trem muito estranho ao lado de um senhor que aparentava ter uns oitenta e poucos anos.

Ele estava com umas roupas estranhas, aliás todos no trem estavam, roupas da mesma cor, do mesmo modela... O senhor intrigado começou a puxar assunto.

Lhe perguntei onde estávamos e que ano era, ele disse que estávamos no Rio de Janeiro e estávamos no ano de 2050. Fiquei rindo durante uns cinco minutos enquanto o trem parava em vários lugares e pessoas saiam e entravam.

Perguntei ao velho como o Rio de Janeiro havia ficado tão diferente, lhe disse que era de 2011, ao que ele me olhou estranho imaginando que eu fosse louca...

O homem disse ter cento de trinta e nove anos, eu dei uma risada e finge acreditar claro. Então ele começou a contar sobre todas as mudanças que ocorreram.

Me contou que o mundo era um completo caos até 2020. O trânsito era insustentável, o consumo de carne havia agravado a crise de alimentos, pois não havia alimento para todos, a água estava acabando, o consumismo desenfreado estava gerando lixo excessivo que não tinha para onde ir, tínhamos 40 espécies de animais em todo o mundo que diminuíam a cada dia, entre tantos outros incontáveis problemas.

Então em 2037 todos os países do mundo concordaram que essa loucura tinha que parar, organizaram o I Congresso Mundial Ambiental em Copenhague e todos assinaram leis para mudar todas as antigas regras do planeta e unifica-lo.

As coisas começaram a mudar... A alimentação passou a ser gratuita e de livro acesso, desde que as pessoas se comprometessem com seu cultivo, o dinheiro foi extinto, um novo sistema de implantação de chip no corpo funciona como uma espécie de cartão de crédito, que serve apenas para compra de roupas que agora são feitas de material vegetal. As pessoas tiverem que deixar de usar carros, somente caminhões com combustíveis renováveis são permitidos para transporte de cargas, as pessoas andam de bicicleta para evitar poluição e manter-se saudáveis. Os cientistas descobriram que era dispensável usar objetos para obter acesso a internet, tirar fotografias, ouvir música, conversar e etc., agora qualquer um tem acesso no meio da rua, na praia, no campo, em qualquer lugar, graças aos chips internos, que tem dados de identidade de cada indivíduo, características genéticas, sua conta bancária e dados do ciberespace.

O homem interrompeu o assunto e disse que aquela era sua parada, então levantou-se para descer do ônibus, nesse exato momento, abri meus olhos e estava no corredor da universidade com uma lata de refrigerante na mão.

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