sexta-feira, 7 de outubro de 2011

eu sempre pensando na gente

vim parar em 2050 para escrever sobre o que mudou e não consigo ignorar o que não mudou. mas, claro, algumas coisas só farão sentido a vocês. por exemplo, sou uma menina. hoje em dia - digo em 2050 - não tem mais isso de homem ou mulher, somos todos uma coisa só, somos todos simplesmente humanos. ainda nascemos meninas ou meninos, só que vai do gosto de cada um e quem liga? o que isso significa? a medicina evoluiu tanto que ora você pode ser tecnicamente ~e bem avançadamente~ do sexo masculino, ora do sexo feminino. mas o que tem a ver eu ser menina, né? que clichê eu ter observado tão mais as subjetividades.

quando ainda estava no ano de vocês e ouvia ~esse mundo está perdido~, eu sabia que perdidos erámos nós. perdidos somos nós. cheguei aqui e fiquei decepcionada porque ainda não inventaram nenhuma triagem de pessoas por caráter. não quero parecer não satisfeita sexualmente, são só observações. os valores são outros, ainda nem me acostumei ou mesmo situei o que significa caráter pra eles, pra nós. na verdade, os seres humanos/nós, melhoraram/melhoramos bastante. ain, eu que sou/estou confusa.

uma vez li ~admirável mundo novo~ e gostei da ideia, mas agora não sei. as pessoas por aqui não parecem muito a vontade. não parecem muito com pessoas. a gente pode tudo mas ao mesmo tempo não pode nada. as facilidades que a tecnologia nos proporciona atrofiou um pouco a capacidade de discernimento, de raciocínio próprio da maioria. é muita informação. e nós que pensávamos não ter tempo para sermos nós mesmo. identidade aqui é luxo, tão raro quanto água. genialidade então... a música, a arte, tudo muito genérico, muito igual, muito sem graça. foi consequência da globalização, estamos tão próximos, somos tantos, que está cada vez mais impossível ser original. mas há esperança!

a religião continua sendo a ciência. aliás, hoje a ~religião~ é a ciência e só. não tem nenhuma entidade ou força sobrenatural que te impeças de querer ser criador também ~apesar dos pesares~. e aí que meu instinto cool hunter foi atrás das tendências para 2060: estão surgindo pessoas de espírito mais livres. ouvi falar de um ~por enquanto~ maluco que tem questionado tudo e todos. sempre tem um desses. acredito que ele venha a ganhar seguidores. na minha época, alias, nos tempos de vocês, eu ficava imaginando em como seria o mundo em que tudo fosse permitido. e eu achava que ia adorar não ter limites para a criatividade, só não contava que fossem sub-aproveitar esse direito. e que as pessoas seriam mais felizes sem cobranças de fidelidade e constituição de família.

os tempos em 2011 já estavam mudando, a gente viuOPA! vejam vocês como está cada vez mais comum a diversidade sexual, como tem se multiplicado variados tipos de relacionamentos, percebam pelo próprio facebook ~é da época de vocês? essa viagem no tempo me deixa tão alice recém chegada ao país das maravilhas~. as pessoas aqui se ~casam~, mas não como temos ideia de casamento. o grande dilema da nossa vida era equilibrar instinto e moral, acho que conseguimos uma boa saída, porque institivamente tem uma parte do cérebro que freia nossa vontade de ter todo mundo e deseja alguém com quem compartilharmos nossa velhice ~não que velhice seja algo atual, é só para que vocês me entendam~. um dia as pessoas formam parzinhos, ou trios, ou... enfim! um dia elas de forma acordada se fazem juras de livre e espontânea vontade, por respeito e admiração. fico feliz com isso.

acontece também que o trabalho toma muito o tempo das pessoas. são tempos difíceis para ser ser-humano. muita competitividade. muita descartabilidade. muita alienação. agora que alguém precisa inventar como que se ressuscita pessoas para contratarmos karl marx para algumas palestras. ~qual é o próximo modelo econômico, senhor?~ ele ficaria surpreso de pensar ~mas só agora? como sobreviveram até aqui?~. a renda está bem melhor distribuída. há uma crise generalizada em consequência do overload de inovações. tecnologia é algo tão comum, tão banal que eu responderia a marx: “as pessoas querem algo que não seja material. voltamos a era da ideias”OPA, mas isso será depois de 2060 e eu nem falei tudo sobre 2050.

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